De volta ao terror ternurento, Ray Bradbury cria neste conto a que o tradutor brasileiro resolveu, vá-se lá entender porquê, intitular como A Cisterna (e não, segundo o que vi em dicionários brasileiros não é diferença dialetal) uma história de morte e perda muito poética, muito bem escrita e bastante memorável.
O conto pouco mais é que um diálogo entre duas irmãs, daquelas solteironas, e talvez mais ou menos velhas, que começa quando uma das duas tem uma epifania: existe uma cidade debaixo da cidade, composta pelos canos de escoamento das águas pluviais. É um tema curioso de conversa, mas mais curioso se torna quando a mulher começa a criar a história de dois mortos que vivem nessa cidade debaixo da cidade, e mais ainda quando nos vamos apercebendo de que ambos os mortos estão profundamente ligados a ela. Não direi como. Digo apenas que há na história que ela conta um elemento sobrenatural forte, ao passo que a outra serve como elemento cético que faz avançar a narrativa, mais uma vez através da incompreensão, da não aceitação daquela aparente loucura... que se vem a revelar inteiramente acertada.
Um conto bastante bom, este. Mais um.
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