terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Wu Cheng'em: A Sentença

O homem é o animal que conta histórias. Não sei bem se será o único — os cantos das baleias podem perfeitamente ser longos épicos contados de geração em geração — mas é aquele que o faz de forma mais óbvia e permanente. E desde o início da espécie. E em todas as culturas.

E desde sempre, o fantástico é a forma preferida para contar histórias que lidam com os grandes mistérios. Foi de fantástico que se fizeram os mitos e é do fantástico que os contadores de histórias se servem para contar histórias, por exemplo, sobre o destino. Como esta.

Wu Cheng'em é chinês. Ou melhor: foi chinês, tendo vivido no século XVI, o que significa que foi praticamente contemporâneo de Camões. E apesar de tão antigo, este A Sentença (bibliografia) é um miniconto fantástico notavelmente moderno, no qual se conta uma história sobre um suplicante que vai ter com o imperador afirmando ser um dragão e ter tido a revelação de que um ministro do imperador lhe cortaria a cabeça no dia seguinte, suplicando-lhe que o impedisse. O imperador acede. Mas depois entra o destino em ação.

Esta é uma história que, não sendo nada de extraordinário se extraída do contexto temporal e cultural em que foi escrita, se torna mesmo muito interessante quando o contexto é tido em conta.

Textos anteriores deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.