Retirado de um antiquíssimo clássico hindu, neste livro identificado como sendo de autoria de Narayana mas sendo muito mais provável que a sua origem seja popular, este O Rato e o Eremita (bibliografia) é daquelas histórias que atestam a antiguidade dos contos populares. Porque é disso que se trata: um conto popular. Uma fábula que, não sendo tão antiga como as de Esopo, tem tudo em comum com elas. Incluindo a (quase sempre muito desnecessária) moral da história.
A história é sobre a (in)gratidão. Fala de um eremita com poderes mágicos que trava amizade com um rato, que vai transformando em animais sucessivamente mais poderosos à medida que ele vai sendo ameaçado por animais também eles cada vez mais poderosos. Até que o rato chega a tigre e acha não só que já não precisa do eremita, mas que a mera existência deste faz lembrar a todos os demais que por mais que hoje seja tigre começou sendo apenas rato. Ou seja, fala de animais para falar de homens e da forma como alguns destes homens tentam esconder origens humildes silenciando todos aqueles que as conhecem, mesmo que tenham (ou sobretudo se tiverem) ajudado a elevá-los à sua atual posição de poder. Um bom exemplo de fábula totalmente política.
Texto anterior deste livro:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.