João de Oliveiros não escreve propriamente mal. É essa a primeira coisa que se percebe quando se começa a ler este A Loja (bibliografia). Tem, ou tinha na altura em que escreveu esta história, algumas falhas no português, algum pendor para a adjetivação excessiva e para o dramalhão, salpica o texto de umas referências a ideias a atirar para o neonazi, ou pelo menos para o nietzcheano, mas não escreve propriamente mal. É uma vantagem face a alguns dos seus colegas de antologia.
Mas A Loja é um continho medíocre. Conto de horror, de vampiros, é demasiado previsível para chegar a ter algum do impacto pretendido. Oliveiros tenta usar a técnica do final surpresa, mas não consegue surpreender com o final que escolhe (pelo menos não me surpreendeu; talvez surpreenda outros leitores) e o resto do conto é demasiado descritivo, apesar de ser basicamente um diálogo, para fazer o leitor mergulhar mesmo na história. É provável que parte da razão para isso sejam as limitações na dimensão do conto, mas o facto é que esta história precisava de respirar um bom bocado mais do que respira.
O resultado? Não é dos piores contos que este livro inclui até ao momento, mas também não é dos melhores.
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