E eis que logo a seguir a um conto que é sério candidato a pior conto do livro, aparece outro que está na competição para ser o melhor. Dois Sóis Para um Planeta Azul (bibliografia), sem perder o tom didático que é imagem de marca de António Bettencourt Viana (ou pelo menos deste livro em concreto), é uma história de amor movida a efeitos relativísticos francamente interessante.
Trata-se de uma daquelas histórias de ficção científica que têm como cenário o envio de naves de colonização para planetas que giram em volta de outros sóis, próximos à escala cósmica, mas longínquos à escala humana. Nesse cenário, o protagonista é alguém que se apaixona por uma mulher que parte numa dessas naves. Não há aqui viagens mais rápidas que a luz: Viana cinge-se ao que é possível à luz do nosso conhecimento da física e de uma tecnologia que poderá não estar muito distante. Mas há efeitos relativísticos, pois as naves aceleram até perto da velocidade da luz, dilatando significativamente o tempo de bordo. E isso vai influenciar diretamente o enredo.
É que anos mais tarde ele parte também rumo ao mesmo planeta. Numa nave mais moderna, aperfeiçoada. Mais rápida, mesmo que não muito. O suficiente, no entanto, para que, embora ele fosse mais velho que a mulher antes de ambos partirem (o que contribuiu para que ela não tivesse qualquer relutância em deixá-lo para trás), ao chegarem, com poucos meses de diferença, ele é mais novo.
Como veem, este é um conto bastante interessante, muito embora coisas semelhantes já tenham sido escritas, e por vezes melhor, por outros autores. Mas não portugueses. No tão rarefeito ambiente povoado pelas escassas obras portuguesas de FC hard, este conto é digno de nota.
Contos anteriores deste livro:
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