Neste Espectare Necrosis (bibliografia), Steve Rasnic Tem foge um pouco ao tom mais ou menos humorístico da maior parte destas doenças fictícias (ou pelo menos de muitas delas) e em vez de se limitar à descrição mais borgesiana da doença, conta realmente uma história. Uma weid fiction inquietante, bastante próxima do terror. Quem tenha vindo a seguir estas notas que vou aqui deixando já saberá que isso é meio caminho andado (embora não condição necessária nem suficiente) para eu gostar mais desta história do que da maioria das outras. E de facto, aconteceu.
A doença é estranha, como não podia deixar de ser. De repente, determinados órgãos entram em necrose (i.e., morrem) sem que nada o faça prever. Não são sempre os mesmos; cada caso é um caso. Em comum existe apenas uma coisa: antes da necrose, os pacientes avisam que ela vai acontecer. É como se soubessem... ou como se a sua expetativa de que a parte x do seu corpo vai necrosar fosse a própria causa da necrose. Uma doença psicossomática levada ao extremo.
Juntando a isso, existe aqui uma história propriamente dita, a história da descoberta da doença contada por quem a descobriu. Não com a habitual frieza e objetividade factual, mas construindo a personagem do descobridor nas suas várias facetas, incluindo a emotiva. O resultado é bastante bom.
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