Já aqui falei de um conto de Jorge Luis Borges no qual um tal Pierre Menard escreve o clássico romance de Cervantes D. Quixote de la Mancha. É precisamente nesse conto que Michael Bishop pega para descrever a doença de que padece a personagem de Borges, apropriadamente chamada Doença de Menard (bibliografia). O resultado é um texto mais que assumidamente borgesiano dentro de um livro que, em si mesmo, também o é muito.
É um texto irónico, claro; o próprio conto de Borges já o era e Bishop só acentua o facto, entretendo-se não só com a evidente homenagem mas também a lançar piadas a alguns integrantes do meio literário de FC e fantástico americano. Mas parece-me que o ambiente de piada interna impede esta historinha de ter um apelo que ultrapasse o grupo restrito capaz de a compreender. É uma daquelas histórias de fandom e para o fandom. Gente de fora, provavelmente, limita-se a encolher os ombros. E se isso pode ser divertido para os de dentro, nada faz pela expansão da literatura fantástica a novos leitores, bem pelo contrário.
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