Mas sim, a outra nota prévia sobre o que raio é isto. Podem encontrar uma explicação no primeiro destes posts, que saiu em fevereiro. É só dar-lhe uma leiturazinha rápida e ficam situados. E despachados estes prolegómenos, vamos então ao que interessa: que tal correu o mês.
Podia ter corrido pior? Dificilmente. A edição em Portugal parou quase por completo, e a de FC, que já não era propriamente abundante em circunstâncias normais, pura e simplesmente desapareceu. Podia ter-se tentado contornar as limitações na edição em papel publicando eletronicamente, mas nada, ninguém o fez. Ou se fez não publicitou a coisa de forma que se visse. Melhores dias virão. Um dia. Talvez.
No Brasil, talvez por haver normalmente muito mais edições que não dependem da distribuição em livrarias, fruto em parte da presença da Amazon no país, e em parte talvez consequência da sua dimensão continental, as coisas não pararam. Na verdade, nem sequer se reduziram; no mês anterior tinham sido detetadas 6 edições de material brasileiro, neste houve 8. Não faço ideia de quanto deste material chegou realmente aos leitores, mas ele ficou disponível. Esse é, sempre, o primeiro passo, sem o qual nenhum outro existe.
A edição de ficção traduzida não parou por completo em Portugal mas quase, tendo-se detetado apenas o lançamento de um par de volumes algo (ou talvez totalmente) marginais ao género. De novo, o mesmo não se pode dizer da edição no Brasil (os outros países lusófonos continuam a primar pela ausência, infelizmente), ainda que esta também tenha sofrido uma redução significativa que talvez tenha algo a ver com as variações naturais de mês a mês mas talvez seja mais do que isso.
Estranhamente, houve duas novidades de não ficção com interesse para o género. E digo estranhamente porque elas saíram em Portugal o que, não sendo inédito (longe disso, na verdade) também não é propriamente muito comum. Não me perguntem por que motivo num momento em que a edição em geral para quase por completo a de não ficção resiste assim; não vos saberia responder.
Por fim, falemos do único grupo de novidades em que a situação que atravessamos parece não ter causado grande impacto, provavelmente porque é aquele em que a digitalização mais avançou: os periódicos. Com três publicações portuguesas e outras três brasileiras, o mês até foi bom, embora as portuguesas andem muito em volta de Saramago e a única que não anda corresponda à edição em ebook de uma revista já antes publicada em papel. Mas mesmo assim, o mês foi bom, e é agradável poder concluir isto numa nota positiva. Que venham mais dessas notas é o que se deseja.
Ficção brasileira
- A Bicicleta, de Roberto Fideli
- A Túnica Sagrada, de Eduardo Escames
- Cabaré em Chamas, de H. Pueyo
- Cibernética, de Melissa Tobias
- Corpos Secos, de Luisa Geisler, Natalia Borges Polesso, Marcelo Ferroni e Samir Machado de Machado
- Criaturas da Ilha de Corso, de Angela-Lago, José Roberto Torero e Pedro Hamdan das Pedras
- Eles, de A. T. Sérgio
- Noites Sombrias, de Ademir Pascale
Edições portuguesas
- Haven, de Simon Lelic
- Revolução, de Simon Lelic
- A Cruz de Fogo, de Diana Gabaldon
- A Nuvem Púrpura, de M. P. Shiel
- O Guia Definitivo do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams
- Os Olhos da Escuridão, de Dean Koontz
- Pantera Negra e o Jovem Príncipe, de Ronald L. Smith
- Utopia, de Thomas More
Edições portuguesas
- Cosmos: Mundos Possíveis, de Ann Druyan
- Novaceno: O Advento da Era da Hiperinteligência, de James Lovelock
Edições portuguesas
- Bang!, nº 27
- Blimunda, nº 93
- Revista de Estudos Saramaguianos, nº 11
- Conexão Literatura, nº 58
- Literomancia, nº 4
- Zanzalá, nº 4
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