segunda-feira, 18 de maio de 2020

Pedro Preto: O Resgate

Pedro Preto é mais um autor que, se ignorarmos uma ou outra fragilidade daquelas que se resolvem com uma revisão, até escreve bem. Mas é também mais um autor que enfia numa extensão demasiado curta uma história que dava pano para mangas muito mais longas, o que tem como resultado um conto fraco porque, ao ser absolutamente descritivo, se torna bastante aborrecido.

Trata-se de uma história de fundo mitológico, sem que se perceba lá muito bem se Preto pretende levá-la mais para o lado do horror ou da fantasia. A história básica é um rapto por mouros da encarnação da deusa cartaginesa Tanit, que o protagonista vai resgatar, numa longa viagem desde o norte de Portugal (não se percebe muito bem se já sob controlo cristão, se ainda nos tempos dos reinos visigóticos ou durante a ocupação islâmica da península) ao coração do império árabe. E daí o título de O Resgate (bibliografia). Mas isto, que é o que de facto é relevante no conto, é relatado como reminiscência, e em duas ou três penadas para que o conto se mantenha curto, sendo o presente ficcional quase totalmente irrelevante para a história.

Este é mais um caso de ideia com bastante potencial mas muito mal desenvolvida porque o autor não acertou na extensão certa para contar a história. Há neste livro demasiados casos destes.

Textos anteriores deste livro:

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