sábado, 23 de maio de 2020

Waldir Araújo: Sapateiro Pela Liberdade da Pátria

E para fechar a antologia, uma história de um autor guineense, Waldir Araújo, e de novo a cadeira, pretenso tema, não passa de adereço. O título de Sapateiro Pela Liberdade da Pátria já deixa entrever o tema do conto e este corresponde ao anunciado no título. Trata-se de uma história sobre uma série de conversas, entre o narrador e uma personagem de vida atribulada, ex-guerrilheiro, ex-combatente pela independência, ex-frequentador dos corredores do poder interno do PAIGC, agora sapateiro, durante as quais este conta ao narrador a sua vida e o que pensa dela, de uma série de sucedidos históricos, incluindo o assassinato de Amílcar Cabral, e da sociedade da Guiné-Bissau independente.

Calculo que para um leitor interessado na história guineense, especialmente se conhecedor dela, este conto tenha bastante interesse pois fornece uma perspetiva aparentemente algo iconoclástica sobre vários momentos importantes. Araújo parece usar a sua personagem para transmitir o que sabe (ou julga saber) sobre esses momentos. A mim, no entanto, não interessou, em parte por ignorância, em parte por verdadeiro desinteresse. As duas coisas, de resto, estão ligadas: a história da Guiné nunca foi das coisas que mais me interessaram e por isso nunca procurei informar-me sobre ela. Sobre os assuntos aflorados neste texto, sei o básico muito básico, e só, sendo incapaz de formar uma opinião sobre a perspetiva oferecida no conto.

Para que o conto me agradasse, portanto, seria necessário que fosse literariamente forte. Não é. É um conto bastante banal em termos literários, um daqueles contos de ouvir dizer, um conto sobretudo narrativo e opinativo, sem grande enredo que se veja. O uso do português é correto, mas sem grande rasgo, o que de resto é bastante típico em alguém com a profissão do autor: jornalista.

Sim, este conto pode interessar a outros leitores, e até bastante. Mas a mim? Deixou-me apenas indiferente.

Contos anteriores deste livro:

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