Duas histórias, particularmente quando tão curtas como estes textos a que Mia Couto chama crónicas, são muito insuficientes para se reconhecer um tema geral numa compilação que reúne quase cinquenta, mas há algo em comum entre esta A Sombra Sentada e a história que abre o livro: os fantasmas da guerra.
Aqui, no entanto, não surge nada de realmente sobrenatural; os fantasmas são mais ausências do que propriamente fantasmas, as premonições não o são, propriamente, são mais palpites. O narrador é alguém que vai em busca de um velho amigo, guarda de passagem de nível reformado, cuja tristeza é já não ver passar os comboios. Porquê? Porque a guerra os tinha transformado em alvos, impedindo-os de circular. E é essa tristeza, e em consequência a própria guerra e a devastação que ela causa, que funciona como tema da história. Tudo com a delicadeza e a poesia que são timbre de Mia Couto. Bastante bom.
Conto anterior deste livro:
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