Mia Couto é frequentemente ternurento, o que de resto é um fator que não se pode ignorar quando se tenta explicar o seu sucesso. E este conto em forma de crónica (ou vice-versa) sobre O Viajante Clandestino é um bom exemplo disso mesmo.
O protagonista é uma criança, e a história gira em torno do contraste da fantasia e poesia existente nas crianças, no jeito infantil de brincar com e embaralhar as palavras, com a objetividade dos adultos, preocupados com coisas mais sérias, sem grande paciência para tais infantilidades. Claro que Mia Couto, sendo quem é, alguém que usa no seu ofício a poesia, a fantasia e o brincar com e embaralhar as palavras, toma o partido do miúdo. Isso, que já estava subentendido desde o princípio, fica claro no fim, quando o narrador aparece a intervir na história.
E esta é bonita, repleta daqueles neologismos cheios de novos significados, muito característicos de Mia Couto. Um conto bastante bom.
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