terça-feira, 12 de maio de 2020

Rita Cláudia M. Silva: O Raio de Sol

Antes de falar diretamente sobre este conto, deixem-me fazer um parêntesis. Há quem se irrite com a inclusão de uma porção razoável da literatura infantil e/ou juvenil na literatura fantástica. O motivo da irritação tem a ver com alguma tendência, em certas outras pessoas, de tratar toda a literatura fantástica como literatura infantil e/ou infantiloide (não é bem a mesma coisa), o que vai desaguar no velho preconceito contra as literaturas não mainstream. Compreendendo o que origina a irritação, julgo no entanto que ela falha o alvo. Muita literatura infantil é literatura fantástica em sentido lato, o maravilhoso faz parte da grande família das literaturas do imaginário, e por isso faz pleno sentido juntá-la aos restantes membros da família. Questão diferente é se será ou não avisado incluir contos infantis num livro com outros contos que não são, de todo, adequados para crianças, mas disso falarei mais quando falar deste livro e não das suas histórias.

Depois deste preâmbulo já terão percebido, certamente, que O Raio de Sol (bibliografia), de Rita Cláudia M. Silva, é um conto infantil. E perceberam bem. De resto, o próprio título já o indica.

E é um conto infantil bastante típico. O português é bom — se descontarmos dois ou três descuidos que se tivesse existido uma revisão teriam sido apanhados — e adequadamente simples, o tom é aquele típico tom moralista cheio de bons sentimentos de tantas histórias infantis, e há nele poesia e fantasia qb. Conta a história de um menino trasmontano, aldeão pobre, que trava amizade com um raio de sol falante e com ele descobre como melhorar o mundo. E além disso, tem a dimensão certa para a história que quer contar.

Este é um conto infantil muito razoável, perfeitamente publicável (se revisto, bem entendido), o que não se pode dizer de todos os contos presentes neste livro.

Textos anteriores deste livro:

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