Tal como aconteceu com Fantascom, também A Noiva do Homem-Cavalo (bibliografia) é um conto já anteriormente lido e comentado aqui na Lâmpada. Há 10 anos, quase. E ao contrário do que acontece com a história do Barreiros, sobre este conto curto do Lorde Dunsany pouco encontro para acrescentar ao que disse então. Poderia falar da forma problemática como o centauro acaba por levar a noiva à força, mas a verdade é que isso está longe de ser um elemento original, havendo, pelo contrário, abundância de histórias assim nas raízes mitológicas deste conto. Problemático ou não, o conto é fiel às suas raízes, e parece-me ter sido apenas essa a intenção do autor. Sim, é como disse há dez anos: gostei mas não achei memorável.
Conto anterior desta publicação:
domingo, 31 de março de 2019
Leiturtugas da semana
Esta semana voltámos a ter o Marco Lopes a publicar a primeira Leiturtuga, ainda às voltas com a antologia Proxy, opinando desta vez sobre o conto Alma Mater, de José Pedro Castro. Passa assim a 6c0s e cumpre os objetivos do projeto para leituras com FC. Isto para o Marco vai ser canja.
Mas não foi só ele, como de resto tem sido hábito. Desta vez coube ao Artur Coelho fazer-lhe companhia, com a sua opinião sobre a antologia Winepunk, lançada pela Divergência e organizada por Joana Neto Lima, A.M.P. Rodriguez e Rogério Ribeiro. Trata-se de um livro ucrónico, i.e., com FC, pelo que o Artur passa a 2c1s.
E não ficámos por aqui, pois também a Tita pôs cá fora uma opinião, como é hábito dela mais desenvolvida em vídeo do que em texto. Desta vez virou-se para José Saramago e para um dos seus livros que roça pela ficção científica, o romance O Homem Duplicado. Com 5c2s, a Tita vai bem lançada para cumprir os objetivos em breve. E ela que originalmente só queria leiturtuguinhas...
E chegados ao fim do primeiro trimestre, como vai isto? Vamos a um balançozinho?
Bora lá.
Para começar, as regras. Há um detalhe que a malta não tem cumprido, à exceção de mim e do Eduardo Jauch: a parte da divulgação do que os outros andam a comentar. Bem sei que ficou ao critério de cada um a decisão sobre quando fazê-lo, mas para isto resultar a 100%, era interessante que não se fizesse só um apanhado global no fim e se fosse, pelo menos, fazendo um apanhado trimestral das leiturtugas alheias. Não vou acrescentar esta ideia às regras (ainda; talvez o faça mais tarde), mas encarem isto como um pedido. Até porque não custa nada: basta virem aqui à Lâmpada e procurarem pelos posts com a tag leiturtugas; embora aí encontrem também as minhas, a maior parte dos posts nessa tag são apanhados das leiturtugas alheias. Como este.
De resto, temos os nossos participantes em graus de cumprimento dos objetivos muito diferentes. Mas antes de passar à lista, um ponto prévio: embora este projeto esteja a ser encarado por muita gente como um desafio anual, o que não tem mal nenhum e funciona para quem assim prefere encará-lo, não é assim que eu penso nele. Segundo a minha forma de ver, pode-se aderir a ele a qualquer momento, pode-se achar que não é coisa que nos interesse e desistir a qualquer momento, e só vale para o período em que se está de facto a participar. Ou seja: se alguém resolver aderir em abril, por exemplo, pela parte que me toca cumpre os objetivos lendo e comentando 9 obras e não as 12 do ano inteiro. O que não impede que leia e comente as 12, se preferir. Ou mais. Daí que esta lista aqui em baixo inclua o mês de adesão (ou janeiro, para quem aderiu ainda no ano passado) e os objetivos individualizados. Quem está nas leiturtuguinhas está a itálico. Quem vai adiantado está em fundo verde.
Fazendo as contas, este projeto já englobou a (ou levou à) leitura e comentário de 19 obras portuguesas com FC e 10 sem (*). Está a correr bem.
E há sempre espaço para mais gente. Venham daí.
(*) Isto na verdade é o número de comentários; o de obras é menor porque há, que me lembre, uma comentada mais que uma vez. Pouca diferença faz.
Mas não foi só ele, como de resto tem sido hábito. Desta vez coube ao Artur Coelho fazer-lhe companhia, com a sua opinião sobre a antologia Winepunk, lançada pela Divergência e organizada por Joana Neto Lima, A.M.P. Rodriguez e Rogério Ribeiro. Trata-se de um livro ucrónico, i.e., com FC, pelo que o Artur passa a 2c1s.
E não ficámos por aqui, pois também a Tita pôs cá fora uma opinião, como é hábito dela mais desenvolvida em vídeo do que em texto. Desta vez virou-se para José Saramago e para um dos seus livros que roça pela ficção científica, o romance O Homem Duplicado. Com 5c2s, a Tita vai bem lançada para cumprir os objetivos em breve. E ela que originalmente só queria leiturtuguinhas...
E chegados ao fim do primeiro trimestre, como vai isto? Vamos a um balançozinho?
Bora lá.
Para começar, as regras. Há um detalhe que a malta não tem cumprido, à exceção de mim e do Eduardo Jauch: a parte da divulgação do que os outros andam a comentar. Bem sei que ficou ao critério de cada um a decisão sobre quando fazê-lo, mas para isto resultar a 100%, era interessante que não se fizesse só um apanhado global no fim e se fosse, pelo menos, fazendo um apanhado trimestral das leiturtugas alheias. Não vou acrescentar esta ideia às regras (ainda; talvez o faça mais tarde), mas encarem isto como um pedido. Até porque não custa nada: basta virem aqui à Lâmpada e procurarem pelos posts com a tag leiturtugas; embora aí encontrem também as minhas, a maior parte dos posts nessa tag são apanhados das leiturtugas alheias. Como este.
De resto, temos os nossos participantes em graus de cumprimento dos objetivos muito diferentes. Mas antes de passar à lista, um ponto prévio: embora este projeto esteja a ser encarado por muita gente como um desafio anual, o que não tem mal nenhum e funciona para quem assim prefere encará-lo, não é assim que eu penso nele. Segundo a minha forma de ver, pode-se aderir a ele a qualquer momento, pode-se achar que não é coisa que nos interesse e desistir a qualquer momento, e só vale para o período em que se está de facto a participar. Ou seja: se alguém resolver aderir em abril, por exemplo, pela parte que me toca cumpre os objetivos lendo e comentando 9 obras e não as 12 do ano inteiro. O que não impede que leia e comente as 12, se preferir. Ou mais. Daí que esta lista aqui em baixo inclua o mês de adesão (ou janeiro, para quem aderiu ainda no ano passado) e os objetivos individualizados. Quem está nas leiturtuguinhas está a itálico. Quem vai adiantado está em fundo verde.
Publicação | Já cumprido | Falta cumprir | Mês de início |
---|---|---|---|
Ideias de Leitora | 1c1s | 4 (2c) | fevereiro |
O Prazer das Coisas | 5c2s | 5 (1c) | janeiro |
As Leituras do Corvo | 1c0s | 5 (2c) | janeiro |
So Happy with Less | - | 5 (2c) | março |
O Senhor Luvas | 6c0s | 6 (0c) | janeiro |
A Lâmpada Mágica | 2c4s | 6 (4c) | janeiro |
Intergalactic Robot | 2c1s | 9 (4c) | janeiro |
O Blog do Jauch | 2c1s | 9 (4c) | janeiro |
Words a la Carte | - | 10 (5c) | março |
Rascunhos | 0c1s | 11 (6c) | janeiro |
Atmosfera dos Livros | - | 12 (6c) | janeiro |
Faces de Marisa | - | 12 (6c) | janeiro |
Fazendo as contas, este projeto já englobou a (ou levou à) leitura e comentário de 19 obras portuguesas com FC e 10 sem (*). Está a correr bem.
E há sempre espaço para mais gente. Venham daí.
(*) Isto na verdade é o número de comentários; o de obras é menor porque há, que me lembre, uma comentada mais que uma vez. Pouca diferença faz.
sábado, 30 de março de 2019
Dia do livro independente
Há dias de tudo e mais umas botas por aí, já toda a gente sabe. Mas os dias relacionados com o livro parecem concentrar-se nesta altura do início da primavera do hemisfério norte, entre finais de março e todo o mês de abril. Hoje, 30 de março, é o dia do livro independente.
É uma iniciativa recente e razoavelmente oficiosa, nascida na Alemanha em 2013, mas parece-me interessante, apesar de haver alguma dificuldade em definir ao certo o que é um livro independente. Eles parecem adotar a versão mais lata, a de que livro independente é o livro editado por qualquer entidade que não faça parte de um grande grupo editorial, o que provavelmente vai das edições de autor a editoras estabelecidas e com anos de atividade como as portuguesas Saída de Emergência e Colibri ou a brasileira Draco, passando muito provavelmente pelas vanities (coisa de que a Colibri em certas ocasiões se aproxima, a bem dizer). São coisas muito, muito diferentes umas das outras, mas parece ser esse o âmbito que eles lhe dão.
Como não tenho tempo, influência e, francamente, paciência para tentar restringir um pouco mais o âmbito à coisa (se tivesse, a primeira coisa que faria seria excluir as vanities), pois que seja.
Mas isso quer dizer que toda a minha atividade literária tem sido feita no circuito independente, tanto as traduções como as edições de originais. E não tenho nenhum problema com isso, bem pelo contrário.
No entanto, a minha edição mais independente de todas é mesmo esta:
Foi tudo feito por mim, à parte a impressão propriamente dita. Mais independente do que isto, só mesmo tendo uma maquineta para imprimir livros.
E ainda há alguns exemplares por aqui. Querem um?
É uma iniciativa recente e razoavelmente oficiosa, nascida na Alemanha em 2013, mas parece-me interessante, apesar de haver alguma dificuldade em definir ao certo o que é um livro independente. Eles parecem adotar a versão mais lata, a de que livro independente é o livro editado por qualquer entidade que não faça parte de um grande grupo editorial, o que provavelmente vai das edições de autor a editoras estabelecidas e com anos de atividade como as portuguesas Saída de Emergência e Colibri ou a brasileira Draco, passando muito provavelmente pelas vanities (coisa de que a Colibri em certas ocasiões se aproxima, a bem dizer). São coisas muito, muito diferentes umas das outras, mas parece ser esse o âmbito que eles lhe dão.
Como não tenho tempo, influência e, francamente, paciência para tentar restringir um pouco mais o âmbito à coisa (se tivesse, a primeira coisa que faria seria excluir as vanities), pois que seja.
Mas isso quer dizer que toda a minha atividade literária tem sido feita no circuito independente, tanto as traduções como as edições de originais. E não tenho nenhum problema com isso, bem pelo contrário.
No entanto, a minha edição mais independente de todas é mesmo esta:
Foi tudo feito por mim, à parte a impressão propriamente dita. Mais independente do que isto, só mesmo tendo uma maquineta para imprimir livros.
E ainda há alguns exemplares por aqui. Querem um?
quinta-feira, 28 de março de 2019
Lido: Memórias de uma Vida Inesperada
Leio com regularidade coisas fora daquilo que mais me agrada e mais me desperta a curiosidade, e isto é algo que recomendo a todos. No entanto, como há muitas coisas, e muitos tipos diferentes de coisas, fora do que costuma agradar-me mais, acaba por não ser muito frequente repetir um género específico em sucessão mais ou menos rápida. Mas foi o que aconteceu com as biografias.
Bem, foi o que aconteceu... mais ou menos. Este livro é mais uma memória que uma biografia e a última biografia que li foi há três anos. Mas a verdade é que três anos de intervalo, para mim e para livros deste género, são muito pouco tempo, que se há coisa no mundo que me desperta pouca curiosidade são as vidas e as ideias dos ricos e famosos.
Por outro lado, na última biografia que tinha lido encontrei motivos de interesse suficientes para o considerar dos melhores livros do ano (aquilo ser, basicamente, uma longa carta de amor de um filho a um pai). Ora, se é praticamente certo que o mesmo não irá acontecer este ano com estas Memórias de uma Vida Inesperada, não deixa de ser também certo que também neste livro encontrei bastante mais do que as ruminações banais de uma privilegiada que temi durante bastante tempo vir a encontrar.
Não que não inclua as ruminações banais de uma privilegiada, essas coisas que constam de qualquer livro de memórias de pessoas como a mulher que veio a tornar-se Noor Al-Hussein, rainha da Jordânia. Mas o percurso de Noor é decididamente pouco convencional, o que em si mesmo tem algum interesse. Nascida nos Estados Unidos, filha de um descendente de imigrantes cristãos jordanos e de uma sueca, Lisa, assim se chamava antes de se converter ao Islão e se tornar rainha, viveu uma vida típica da alta burguesia liberal americana e o contraste e tensão entre essa vida e ideologia e o papel tradicional assumido com o casamento confere também algum interesse ao livro.
Mas o interesse maior não é esse. É geopolítico.
Noor foi rainha da Jordânia numa época especialmente conturbada no Médio Oriente. E qual é que não o é?, bem sei. Todas são, sim, mas há umas mais conturbadas que outras. E entre iniciativas de paz, sistematicamente sabotadas por alguém (quase sempre Israel, mas nem sempre), Intifada, crises e conflitos, mais ou menos abertos, golpes e revoluções, já para não falar de guerras como a guerra Irão-Iraque ou a invasão do Kuwait, a que se seguiu a primeira guerra do Iraque, a verdade é que ao reinado de Hussein não faltou animação geopolítica. E Noor, sendo quem é, tem a capacidade invulgar de fornecer um olhar árabe mas ocidentalizado sobre todos esses acontecimentos. Assume o ponto de vista jordano (o que não é equivalente a "árabe", atenção, mas será uma interpretação do ponto de vista árabe, com as suas especificidades próprias) de uma forma que o ocidente que queira lê-la possa compreender.
Claro, isto é intercalado com outras coisas que não me interessaram tanto (ou nada) mas certamente interessarão mais a outros leitores. A vida familiar, as suas crises, alegrias e desafios, o olhar dela sobre Hussein, a vida de jet-set, por aí fora. Tudo somado, trata-se de um livro que não figurará nos destaques do ano, mas me interessou mais do que eu esperava. É sempre bom quando isso acontece.
Se bem me lembro, este livro veio parar-me às mãos na sequência de um prémio que ganhei no velho fórum Filhos de Athena. Sim, vocês que sabem de que estou aqui a falar, ele estava para ler há esse tempo todo.
Bem, foi o que aconteceu... mais ou menos. Este livro é mais uma memória que uma biografia e a última biografia que li foi há três anos. Mas a verdade é que três anos de intervalo, para mim e para livros deste género, são muito pouco tempo, que se há coisa no mundo que me desperta pouca curiosidade são as vidas e as ideias dos ricos e famosos.
Por outro lado, na última biografia que tinha lido encontrei motivos de interesse suficientes para o considerar dos melhores livros do ano (aquilo ser, basicamente, uma longa carta de amor de um filho a um pai). Ora, se é praticamente certo que o mesmo não irá acontecer este ano com estas Memórias de uma Vida Inesperada, não deixa de ser também certo que também neste livro encontrei bastante mais do que as ruminações banais de uma privilegiada que temi durante bastante tempo vir a encontrar.
Não que não inclua as ruminações banais de uma privilegiada, essas coisas que constam de qualquer livro de memórias de pessoas como a mulher que veio a tornar-se Noor Al-Hussein, rainha da Jordânia. Mas o percurso de Noor é decididamente pouco convencional, o que em si mesmo tem algum interesse. Nascida nos Estados Unidos, filha de um descendente de imigrantes cristãos jordanos e de uma sueca, Lisa, assim se chamava antes de se converter ao Islão e se tornar rainha, viveu uma vida típica da alta burguesia liberal americana e o contraste e tensão entre essa vida e ideologia e o papel tradicional assumido com o casamento confere também algum interesse ao livro.
Mas o interesse maior não é esse. É geopolítico.
Noor foi rainha da Jordânia numa época especialmente conturbada no Médio Oriente. E qual é que não o é?, bem sei. Todas são, sim, mas há umas mais conturbadas que outras. E entre iniciativas de paz, sistematicamente sabotadas por alguém (quase sempre Israel, mas nem sempre), Intifada, crises e conflitos, mais ou menos abertos, golpes e revoluções, já para não falar de guerras como a guerra Irão-Iraque ou a invasão do Kuwait, a que se seguiu a primeira guerra do Iraque, a verdade é que ao reinado de Hussein não faltou animação geopolítica. E Noor, sendo quem é, tem a capacidade invulgar de fornecer um olhar árabe mas ocidentalizado sobre todos esses acontecimentos. Assume o ponto de vista jordano (o que não é equivalente a "árabe", atenção, mas será uma interpretação do ponto de vista árabe, com as suas especificidades próprias) de uma forma que o ocidente que queira lê-la possa compreender.
Claro, isto é intercalado com outras coisas que não me interessaram tanto (ou nada) mas certamente interessarão mais a outros leitores. A vida familiar, as suas crises, alegrias e desafios, o olhar dela sobre Hussein, a vida de jet-set, por aí fora. Tudo somado, trata-se de um livro que não figurará nos destaques do ano, mas me interessou mais do que eu esperava. É sempre bom quando isso acontece.
Se bem me lembro, este livro veio parar-me às mãos na sequência de um prémio que ganhei no velho fórum Filhos de Athena. Sim, vocês que sabem de que estou aqui a falar, ele estava para ler há esse tempo todo.
quarta-feira, 27 de março de 2019
Lido: Fantascom
Se olham para este título e pensam algo como "espera aí, este gajo não tinha já falado disto?", parabéns: têm uma memória do caraças e quase estão mais atentos do que eu ao que vai sendo publicado aqui na Lâmpada. É que de facto, sim, já tinha falado deste texto de João Barreiros, mas há bastante tempo; já vai para sete anos. Por outro lado não, ainda não tinha falado deste Fantascom (bibliografia). Confusos?
Não é difícil de explicar.
É que o que saiu neste número da Bang! foi apenas a primeira parte do texto completo. Este último é uma noveleta, chata e comprida, provavelmente o pior texto do Barreiros que já li. Mas o que está nesta Bang! não só funciona perfeitamente como conto completo, como é muito melhor (mas muito melhor) que a noveleta. Tem melhor ritmo, tem o tamanho certo, tem a parte principal da ironia corrosiva sobre as tais personagens do fandom de que eu falei quando falei na noveleta, tão facilmente reconhecíveis como no texto completo, mas sem cair na monotonia e no exagero que este mostra, enfim, é melhor em tudo.
E mesmo assim está bastante distante das melhores ficções do Barreiros. É um conto bonzinho e apenas isso.
Não é difícil de explicar.
É que o que saiu neste número da Bang! foi apenas a primeira parte do texto completo. Este último é uma noveleta, chata e comprida, provavelmente o pior texto do Barreiros que já li. Mas o que está nesta Bang! não só funciona perfeitamente como conto completo, como é muito melhor (mas muito melhor) que a noveleta. Tem melhor ritmo, tem o tamanho certo, tem a parte principal da ironia corrosiva sobre as tais personagens do fandom de que eu falei quando falei na noveleta, tão facilmente reconhecíveis como no texto completo, mas sem cair na monotonia e no exagero que este mostra, enfim, é melhor em tudo.
E mesmo assim está bastante distante das melhores ficções do Barreiros. É um conto bonzinho e apenas isso.
segunda-feira, 25 de março de 2019
Lido: Utopia de um Homem que Está Cansado
E, subitamente, eis que a ficção científica volta a assomar nas ficções de Jorge Luis Borges. Não uma ficção científica "pura e dura", naturalmente, mas uma FC à Borges, impregnada de surrealismo, fantástico e alegoria.
Esta Utopia de um Homem que Está Cansado acompanha um homem (cansado, obviamente) que subitamente se vê num futuro longínquo, sem saber bem nem como nem porquê. Mas ao contrário das utopias tecnofuturistas que a FC tradicional nos apresenta, este futuro de Borges é uma época de decadência voluntária, na qual as pessoas aprenderam a não ligar a distrações menores (tecnologia, ciência, o próprio passado ou futuro) e a aproveitar as suas longas vidas com coisas realmente relevantes, como a arte, até ao momento em que decidem que já viveram tudo e se dirigem ao crematório.
O motor do conto é, como de resto é tão comum em tantas histórias de FC, a estranheza. A estranheza do protagonista perante as ideias tão invulgares do seu interlocutor, sobretudo. O homem vindo do passado enche o homem do futuro de perguntas, perguntas a que este responde com interminável paciência. Como se fosse um velho avô a responder às perguntas de uma criança.
E é precisamente isso o que Borges pretende com o conto. O seu homem que está cansado é um velho, cansado da vida e das coisas irrelevantes (a seu ver, claro) que tanto prendem a atenção dos jovens, dos homens ainda não cansados. A decadência voluntária da sociedade futura é um espelho da decadência do corpo e do espírito com o avançar da idade. Ou do cansaço. Por isso o conto é apresentado como uma utopia. Trata-se de uma reflexão de alguém que se aproxima do fim da vida (O Livro de Areia foi publicado no ano em que Borges fez 76 anos, afinal): retirando da equação o supérfluo, o que resta? O que é ainda desejável?
E por isso, este conto, que não é ficção científica pura, longe disso, é boa ficção científica porque como sempre acontece na boa FC usa o futuro para falar do presente.
Contos anteriores deste livro:
Esta Utopia de um Homem que Está Cansado acompanha um homem (cansado, obviamente) que subitamente se vê num futuro longínquo, sem saber bem nem como nem porquê. Mas ao contrário das utopias tecnofuturistas que a FC tradicional nos apresenta, este futuro de Borges é uma época de decadência voluntária, na qual as pessoas aprenderam a não ligar a distrações menores (tecnologia, ciência, o próprio passado ou futuro) e a aproveitar as suas longas vidas com coisas realmente relevantes, como a arte, até ao momento em que decidem que já viveram tudo e se dirigem ao crematório.
O motor do conto é, como de resto é tão comum em tantas histórias de FC, a estranheza. A estranheza do protagonista perante as ideias tão invulgares do seu interlocutor, sobretudo. O homem vindo do passado enche o homem do futuro de perguntas, perguntas a que este responde com interminável paciência. Como se fosse um velho avô a responder às perguntas de uma criança.
E é precisamente isso o que Borges pretende com o conto. O seu homem que está cansado é um velho, cansado da vida e das coisas irrelevantes (a seu ver, claro) que tanto prendem a atenção dos jovens, dos homens ainda não cansados. A decadência voluntária da sociedade futura é um espelho da decadência do corpo e do espírito com o avançar da idade. Ou do cansaço. Por isso o conto é apresentado como uma utopia. Trata-se de uma reflexão de alguém que se aproxima do fim da vida (O Livro de Areia foi publicado no ano em que Borges fez 76 anos, afinal): retirando da equação o supérfluo, o que resta? O que é ainda desejável?
E por isso, este conto, que não é ficção científica pura, longe disso, é boa ficção científica porque como sempre acontece na boa FC usa o futuro para falar do presente.
Contos anteriores deste livro:
Lido: A Rosa Espinhosa
Há qualquer coisa de Bela Adormecida neste conto dos Irmãos Grimm, ainda que o enredo deste A Rosa Espinhosa seja bastante diferente. Trata do despeito de uma fada por não ter sido convidada para uma festa dada pelo rei de um reino distante para celebrar o nascimento de uma filha há muito aguardada, e das consequências que daí advieram.
A fada era, decididamente, má rês. Não terá sido por isso que não foi convidada, ao contrário das outras doze que havia no reino, mas é isso o que revela ao profetizar/determinar a morte da princesa aos quinze anos, sentença que não pôde ser anulada, só pôde ser comutada para adormecimento durante cem anos. E já estão a ver onde estão as semelhanças com a Bela Adormecida, certamente.
E sim, também aqui temos um príncipe, que entra no castelo (onde não foi só a princesa que permaneceu cem anos a dormir, foi a corte inteira, protegida de intrusos por uma cerca de roseiras espinhosas e impenetráveis, e eis a origem do título) e vai deparar com a princesa, apaixona-se no instante em que a vê e beija-a sem pedir licença, e não se percebe muito bem se é ele que quebra o encanto, o que não faria grande sentido visto que os cem anos estavam no fim, se se limita a estar no lugar certo à hora certa.
É um conto um pouco desconexo, talvez por ser resultado da fusão de elementos díspares e, em parte ou no todo, muito antigos. Também é um conto com aspetos problemáticos, o que de resto não é tão raro como se poderia imaginar dado estas histórias serem tão comummente associadas à infância. Mas não é dos piores, ainda que tampouco seja dos melhores.
Contos anteriores deste livro:
A fada era, decididamente, má rês. Não terá sido por isso que não foi convidada, ao contrário das outras doze que havia no reino, mas é isso o que revela ao profetizar/determinar a morte da princesa aos quinze anos, sentença que não pôde ser anulada, só pôde ser comutada para adormecimento durante cem anos. E já estão a ver onde estão as semelhanças com a Bela Adormecida, certamente.
E sim, também aqui temos um príncipe, que entra no castelo (onde não foi só a princesa que permaneceu cem anos a dormir, foi a corte inteira, protegida de intrusos por uma cerca de roseiras espinhosas e impenetráveis, e eis a origem do título) e vai deparar com a princesa, apaixona-se no instante em que a vê e beija-a sem pedir licença, e não se percebe muito bem se é ele que quebra o encanto, o que não faria grande sentido visto que os cem anos estavam no fim, se se limita a estar no lugar certo à hora certa.
É um conto um pouco desconexo, talvez por ser resultado da fusão de elementos díspares e, em parte ou no todo, muito antigos. Também é um conto com aspetos problemáticos, o que de resto não é tão raro como se poderia imaginar dado estas histórias serem tão comummente associadas à infância. Mas não é dos piores, ainda que tampouco seja dos melhores.
Contos anteriores deste livro:
domingo, 24 de março de 2019
Leiturtugas da semana
Esta semana, o primeiro a apresentar alguma coisa para o leiturtugas fui eu, com a minha opinião ao livro em que Adolfo Coelho compila, e a Dom Quixote edita, dezenas de Contos Populares Portugueses, muitos dos quais repletos de fantasia. Mas como seria de esperar só tem mesmo fantasia, isto é, de FC não há nem sinal. Isso deixa-me com 2c4s.
Mas não estive sozinho, pois também o Marco Lopes publicou uma opinião, mais uma da série dedicada à antologia Proxy. Esta debruça-se sobre o conto de Marta Silva intitulado Y + T. FC, claro, pelo que o Marco passa a 5c0s.
E para compor o ramalhete, o Artur Coelho falou do Romance de Amadis, de Afonso Lopes Vieira, um livro publicado pela Ulmeiro que poderá incluir alguma fantasia mas certamente não tem nem cheiro de FC. Passa o Artur a 1c1s.
E por esta semana é só, e já não é mau. Para a semana acaba o primeiro trimestre e conto fazer um rápido apanhado do que tem sido esta ideia até aqui. Até lá.
Mas não estive sozinho, pois também o Marco Lopes publicou uma opinião, mais uma da série dedicada à antologia Proxy. Esta debruça-se sobre o conto de Marta Silva intitulado Y + T. FC, claro, pelo que o Marco passa a 5c0s.
E para compor o ramalhete, o Artur Coelho falou do Romance de Amadis, de Afonso Lopes Vieira, um livro publicado pela Ulmeiro que poderá incluir alguma fantasia mas certamente não tem nem cheiro de FC. Passa o Artur a 1c1s.
E por esta semana é só, e já não é mau. Para a semana acaba o primeiro trimestre e conto fazer um rápido apanhado do que tem sido esta ideia até aqui. Até lá.
segunda-feira, 18 de março de 2019
Lido: Contos Populares Portugueses (#leiturtugas)
Termina aqui aquela que deve ser a mais longa série de posts da história da Lâmpada, iniciada em janeiro de 2016. Andei à volta deste livro durante três anos, lendo um conto agora, outro uns dias depois, outro passada mais uma semana, etc.
(ou talvez não; a da Antologia do Humor Português talvez tenha sido ainda mais longa)
Estes Contos Populares Portugueses são histórias que Adolfo Coelho foi recolhendo pelo país, sobretudo acima do Mondego, e publicou em 1879. Na época, este tipo de recolha estava na moda pela Europa fora e esta de Adolfo Coelho não foi a única que se fez em Portugal. Ainda hoje se fazem, de resto, surgindo de vez em quando uma nova edição de histórias tradicionais, mais ou menos completa, feita com maior ou menor rigor, mais ou menos restrita geograficamente. Algumas são autênticos monumentos bibliográficos, com centenas e centenas de páginas; esta, apesar da grante quantidade de histórias que contém (75), cabe num livro de bolso de 290, número em que se incluem 75 páginas de textos introdutórios.
Enquanto lia os primeiros contos, estava na dúvida sobre que tipo de abordagem teria seguido Adolfo Coelho. Seria a dos Irmãos Grimm e outros autores, que adaptavam as histórias recolhidas conforme achassem melhor, chegando por vezes ao ponto de fundir numa só histórias díspares? Ou seria uma abordagem mais científica e mais moderna, de recolha etnográfica propriamente dita, em que há a preocupação de preservar tanto quanto for possível tudo o que de genuíno as histórias tradicionais trazem consigo?
Quando acabei de ler o livro, e embora não possa garantir que Adolfo Coelho nunca introduziu nestas histórias nada de sua lavra, fechei-o convicto de que a sua abordagem foi básica, se não unicamente, a segunda. Estas histórias, parece-me, são demasiado díspares, em estilo e em qualidade literária (por vezes muito má), e existem demasiadas coincidências nesse estilo e qualidade entre diversas histórias recolhidas no mesmo sítio e, presumivelmente, junto do mesmo contador, para que o compilador as tenha adulterado com melhoramentos ou fusões. E isso, a meu ver, é uma qualidade.
Por outro lado, parece-me haver aqui alguma insegurança no conceito de conto popular. O que é um conto popular, ao certo? Uma história que algum membro do povo conta, seja qual for, e qualquer que seja o seu tema, abordagem ou antiguidade? Ou uma história transmitida ao longo de gerações, ganhando com o tempo tons de lenda?
Adolfo Coelho parece seguir a primeira abordagem. Além de histórias populares propriamente ditas, encontram-se aqui autênticas anedotas, bem como histórias daquelas que qualquer pessoa conta aos amigos na base do não-queiras-saber-o-que-aconteceu-a-um-amigo-meu. Este tipo de história tende a concentrar-se no fim do volume, talvez porque, e atenção que isto é especulação pura, o compilador tenha achado que precisava, para compor o volume, de mais material do que as histórias tradicionais de que dispunha. Isso, a meu ver, diminui-o, mas não o suficiente para que perca o interesse. É um livro interessante, ainda que esse interesse seja com frequência bastante mais sociológico que literário, e mesmo quando o que revela sobre a psique popular de meados do século XIX não é propriamente positivo.
Eis o que fui pensando sobre cada história:
(ou talvez não; a da Antologia do Humor Português talvez tenha sido ainda mais longa)
Estes Contos Populares Portugueses são histórias que Adolfo Coelho foi recolhendo pelo país, sobretudo acima do Mondego, e publicou em 1879. Na época, este tipo de recolha estava na moda pela Europa fora e esta de Adolfo Coelho não foi a única que se fez em Portugal. Ainda hoje se fazem, de resto, surgindo de vez em quando uma nova edição de histórias tradicionais, mais ou menos completa, feita com maior ou menor rigor, mais ou menos restrita geograficamente. Algumas são autênticos monumentos bibliográficos, com centenas e centenas de páginas; esta, apesar da grante quantidade de histórias que contém (75), cabe num livro de bolso de 290, número em que se incluem 75 páginas de textos introdutórios.
Enquanto lia os primeiros contos, estava na dúvida sobre que tipo de abordagem teria seguido Adolfo Coelho. Seria a dos Irmãos Grimm e outros autores, que adaptavam as histórias recolhidas conforme achassem melhor, chegando por vezes ao ponto de fundir numa só histórias díspares? Ou seria uma abordagem mais científica e mais moderna, de recolha etnográfica propriamente dita, em que há a preocupação de preservar tanto quanto for possível tudo o que de genuíno as histórias tradicionais trazem consigo?
Quando acabei de ler o livro, e embora não possa garantir que Adolfo Coelho nunca introduziu nestas histórias nada de sua lavra, fechei-o convicto de que a sua abordagem foi básica, se não unicamente, a segunda. Estas histórias, parece-me, são demasiado díspares, em estilo e em qualidade literária (por vezes muito má), e existem demasiadas coincidências nesse estilo e qualidade entre diversas histórias recolhidas no mesmo sítio e, presumivelmente, junto do mesmo contador, para que o compilador as tenha adulterado com melhoramentos ou fusões. E isso, a meu ver, é uma qualidade.
Por outro lado, parece-me haver aqui alguma insegurança no conceito de conto popular. O que é um conto popular, ao certo? Uma história que algum membro do povo conta, seja qual for, e qualquer que seja o seu tema, abordagem ou antiguidade? Ou uma história transmitida ao longo de gerações, ganhando com o tempo tons de lenda?
Adolfo Coelho parece seguir a primeira abordagem. Além de histórias populares propriamente ditas, encontram-se aqui autênticas anedotas, bem como histórias daquelas que qualquer pessoa conta aos amigos na base do não-queiras-saber-o-que-aconteceu-a-um-amigo-meu. Este tipo de história tende a concentrar-se no fim do volume, talvez porque, e atenção que isto é especulação pura, o compilador tenha achado que precisava, para compor o volume, de mais material do que as histórias tradicionais de que dispunha. Isso, a meu ver, diminui-o, mas não o suficiente para que perca o interesse. É um livro interessante, ainda que esse interesse seja com frequência bastante mais sociológico que literário, e mesmo quando o que revela sobre a psique popular de meados do século XIX não é propriamente positivo.
Eis o que fui pensando sobre cada história:
- História da Carochinha
- A Formiga e a Neve
- O Coelhinho Branco
- A Romãzeira do Macaco
- O Galo e o Pinto
- A Velha e os Lobos
- A Raposa e o Lobo
- Raposinha Gaiteira
- O Compadre Lobo e a Comadre Raposa
- O Rabo do Gato
- O Pinto Borrachudo
- O Cuco e a Poupa
- O Coelho e o Gato
- Brancaflor
- O Criado do Estrujeitante
- A Torre de Babilónia
- A Herança Paterna
- Os Dois Irmãos
- A Afilhada de Santo António
- Mais Vale Quem Deus Ajuda que Quem Muito Madruga
- João Pequenito
- O Homem da Espada de Vinte Quintais
- Comadre Morte
- A Cachoeirinha
- O Carneirinho Branco
- O Colhereiro
- O Conde Encantado
- Os Meninos Perdidos
- A Bela-Menina
- João Mandrião
- Pele-de-Cavalo
- A Sina
- História do Grão-de-Milho
- O Príncipe Sapo
- Os Sapatinhos Encantados
- A Enjeitada
- O Homem que Busca Estremecer
- As Três Lebres
- A Pele do Piolho
- A Menina e o Figo
- A Machadinha
- Esvintola
- O Conde de Paris
- O Príncipe das Palmas Verdes
- Os Figos Verdes
- O Retrato da Princesa
- O Preço dos Ovos
- O Senhor das Janelas Verdes
- A Bicha de Sete Cabeças
- O Príncipe com Orelhas de Burro
- Pedro e Pedrito
- São Jorge
- Os Simplórios
- O Preto e o Padre
- O Menino Açafroado
- O Rabil
- Patranha
- Maria Silva
- O Menino e a Lua
- A Princesa Abandonada
- As Filhas dos Dois Validos
- História do Compadre Pobre e do Compadre Rico
- Os Três Estudantes e o Soldado
- Comera um Bocadinho se Tivera Limão...
- A Velha Fadada
- O Burro do Azeiteiro
- Ciência, Sabedoria e Capacidade
- A Senhora da Graça
- Os Dois Mentirosos
- Conto do Fuso
- A Beata e o Senhor dos Passos
- O Preto e a Lâmpada de Santo António
- A Moura Encantada
- O Ovo Partido
- O Soldado que Foi ao Céu
Lido: Os Seis Cisnes
Por vezes, nestas coleções de histórias tradicionais mais ou menos adaptadas por quem as faz, surgem fortes ressonâncias com outras obras, literárias ou não. Normalmente são versões dessas mesmas histórias, em literatura ou no cinema, na BD ou na TV, que reconheço de ter com elas contactado há muitos anos, geralmente em miúdo. Mas nem sempre é o caso. Esta história que os Irmãos Grimm aqui apresentam, por exemplo, ressoa-me a Juliet Marillier.
A fantasia tem ao longo das décadas ido buscar muito material às histórias tradicionais, o que de resto explica boa parte do seu apelo, pois o folclore tende a depurar enredos e personagens até só ficar aquilo que mais ressoa na psique popular e são precisamente esses elementos que tanto contribuem para a popularidade do género. E Juliet Marillier utilizou esta história (ou melhor, não necessariamente Os Seis Cisnes tal como os Grimm os apresentam, mas alguma das múltiplas versões existentes da história) como inspiração para uma passagem particularmente importante do seu Filha da Floresta. E foi aí que eu a encontrei pela primeira vez.
É uma história com muitos elementos encontrados em outros contos mas também com algo de seu. Reencontramos aqui a madrasta má, neste caso filha de uma bruxa (e bruxa ela também, claro) que obriga o rei a casar com ela. Este já tinha seis filhos e, com receio do que lhes pudesse acontecer, esconde-os da nova mulher (que entretanto lhe dá uma filha), o que resulta durante algum tempo, mas só durante algum tempo. Quando a madrasta descobre os rapazes transforma-os em cisnes, deixando embora, como acontece tão frequentemente neste tipo de história, uma forma de anular o feitiço. E é o que a filha faz, pois esta, ao contrário da mãe, é boa e quer bem aos irmãos mesmo sem os conhecer.
Não é difícil compreender por que motivo Marillier escolheu esta história como inspiração. É uma história bonita, com protagonismo feminino forte de ambos os lados do conflito, invulgar nas histórias tradicionais por colocar não as donzelas indefesas à mercê dos caprichos dos homens mas, pelo contrário, os seis irmãos (já para não falar do próprio rei) à mercê dos caprichos e vontades das mulheres. Basicamente uma história feminista surgida antes de sequer se pensar em criar tal palavra.
Bastaria isso para a tornar particularmente interessante, mas esta é, além de tudo o resto, uma história realmente boa.
Contos anteriores deste livro:
A fantasia tem ao longo das décadas ido buscar muito material às histórias tradicionais, o que de resto explica boa parte do seu apelo, pois o folclore tende a depurar enredos e personagens até só ficar aquilo que mais ressoa na psique popular e são precisamente esses elementos que tanto contribuem para a popularidade do género. E Juliet Marillier utilizou esta história (ou melhor, não necessariamente Os Seis Cisnes tal como os Grimm os apresentam, mas alguma das múltiplas versões existentes da história) como inspiração para uma passagem particularmente importante do seu Filha da Floresta. E foi aí que eu a encontrei pela primeira vez.
É uma história com muitos elementos encontrados em outros contos mas também com algo de seu. Reencontramos aqui a madrasta má, neste caso filha de uma bruxa (e bruxa ela também, claro) que obriga o rei a casar com ela. Este já tinha seis filhos e, com receio do que lhes pudesse acontecer, esconde-os da nova mulher (que entretanto lhe dá uma filha), o que resulta durante algum tempo, mas só durante algum tempo. Quando a madrasta descobre os rapazes transforma-os em cisnes, deixando embora, como acontece tão frequentemente neste tipo de história, uma forma de anular o feitiço. E é o que a filha faz, pois esta, ao contrário da mãe, é boa e quer bem aos irmãos mesmo sem os conhecer.
Não é difícil compreender por que motivo Marillier escolheu esta história como inspiração. É uma história bonita, com protagonismo feminino forte de ambos os lados do conflito, invulgar nas histórias tradicionais por colocar não as donzelas indefesas à mercê dos caprichos dos homens mas, pelo contrário, os seis irmãos (já para não falar do próprio rei) à mercê dos caprichos e vontades das mulheres. Basicamente uma história feminista surgida antes de sequer se pensar em criar tal palavra.
Bastaria isso para a tornar particularmente interessante, mas esta é, além de tudo o resto, uma história realmente boa.
Contos anteriores deste livro:
domingo, 17 de março de 2019
Leiturtugas da semana
Mais uma vez, a primeira opinião da semana relacionada com as Leiturtugas coube ao Marco Lopes, que prossegue a sua leitura da antologia Proxy. Desta feita debruçou-se sobre o conto Pecado da Carne, de Carlos Silva, mais um conto de FC que deixa o Marco em 4c0s.
Depois foi a vez da Maria se estrear no projeto, com uma breve opinião sobre o conto de Nuno Markl de que eu falei aqui há um par de meses, A Terrível Criatura Sanguinária. Mas não se ficou por aí, pois no dia seguinte publicou também uma opinião igualmente breve sobre o conto lovecraftiano de Vasco Luís Curado publicado numa das revistas Bang!, O Povo do Mar. Se bem me lembro, este conto roça levissimamente pela FC (o que tende a acontecer com as ficções lovecraftianas, de resto), pelo que a Maria está com 1c1s.
E temos mais uma adesão ao projeto, a da Nights, que vai divulgar as suas opiniões ora no seu instagram, ora no seu canal do youtube.
Depois foi a vez da Maria se estrear no projeto, com uma breve opinião sobre o conto de Nuno Markl de que eu falei aqui há um par de meses, A Terrível Criatura Sanguinária. Mas não se ficou por aí, pois no dia seguinte publicou também uma opinião igualmente breve sobre o conto lovecraftiano de Vasco Luís Curado publicado numa das revistas Bang!, O Povo do Mar. Se bem me lembro, este conto roça levissimamente pela FC (o que tende a acontecer com as ficções lovecraftianas, de resto), pelo que a Maria está com 1c1s.
E temos mais uma adesão ao projeto, a da Nights, que vai divulgar as suas opiniões ora no seu instagram, ora no seu canal do youtube.
sábado, 16 de março de 2019
Lido: O Defunto
Oito anos não são tanto tempo como isso. Daí que quando comecei a ler esta noveleta de Eça de Queirós depressa me senti a percorrer caminhos já percorridos. Fui ver e sim, é verdade, O Defunto (bibliografia) é a participação queirosiana na Antologia do Conto Fantástico português, que eu li e comentei aqui na Lâmpada em setembro de 2011. E não tenho nada de especial a acrescentar ao que escrevi nessa altura, além de esta noveleta ser o texto a que a capa desta edição que estou agora a ler alude, e que boa parte da abordagem ao fantástico que nela se encontra coincide com a de outras histórias fantásticas que o livro contém, pelo que passo a bola ao próximo texto.
Contos anteriores deste livro:
Contos anteriores deste livro:
sexta-feira, 15 de março de 2019
Em 2018 falou-se de... ficção internacional
Prometeu-se, e aqui está. Depois da parte referente à ficção portuguesa e da relativa à brasileira, eis o balanço de 2018 no que toca à ficção traduzida que mereceu comentário na rede aberta de língua portuguesa. Prometeu-se que seria em fevereiro, não foi. É que isto deu uma trabalheira do caraças. Do! Caraças! Tanta, na verdade, que ou encontro outra forma de fazer isto, ou para o ano não vai haver.
Quem quiser saber mais de que se trata, siga os links ali em cima. Os restantes, podem passar à (longa) lista, e/ou aos comentários que virão a seguir.
?? (org.; ed.)
Comparando com as listas equivalentes de obras lusófonas, há várias coisas que saltam à vista. Para começar, há aqui uma proporção muito maior de autores presentes com mais que uma obra, o que, mesmo contando com as inevitáveis distorções causadas por campanhas de marketing (que em si mesmas também são significativas) reflete não só a existência de produção regular (o que entre os lusófonos, e especialmente entre os portugueses, não é muito frequente) mas também o facto de numerosos autores terem um público razoavelmente fiel que lhes abre as portas da publicação regular. Também encontramos aqui algo que não se encontra entre os lusófonos: obras de grande sucesso, abundantemente lidas e comentadas, por vezes associadas a filmes e séries de TV.
E não há aqui absolutamente nenhuma novidade, não é? Já todos sabíamos que era assim que as coisas funcionavam.
Destaques, portanto, há-os de dois tipos. Aqueles autores que são alvo de comentários numerosos a obras igualmente nomerosas, casos de Asimov, com pelo menos 17 comentários distribuídos por 10 títulos, Bradbury, com 24 comentários distribuídos por 9 obras, Clarke, com 23 ou mais comentários distribuídos por 17 obras, Dick, com pelo menos 39 comentários distribuídos por 9 títulos, King, com 36 comentários ou mais a 10 obras, Lovecraft, com 16 comentários, ou mais, espalhados por 13 títulos, Marie Lu, com pelo menos 20 comentários a 7 obras, Marissa Meyer, com 15 comentários ou mais a 5 obras, Scalzi, com pelo menos 19 comentários distribuídos por 7 obras, Verne, com 12 comentários, ou mais, dispersos por 5 obras e Wells, com pelo menos 20 comentários dispersos por 5 títulos. E os autores de uma obra só, embora muito popular, como Naomi Alderman (23 comentários, ou mais), Christina Dalcher (14 comentários), Hank Green (21 comentários), Daniel Keyes (14) ou Ann Leckie (12, ou mais). E também há casos intermédios, como o de Atwood, com 20 ou mais comentários a apenas 3 obras, Octavia Butler, com pelo menos 27 comentários a 4 obras, Madeleine l'Engle, com 23 comentários ou mais a 4 obras, Heinlein, com pelo menos 10 comentários a 4 obras, Huxley, com 10 comentários a 3 títulos, Cixin Liu, com 13 comentários ou mais distribuídos por 4 títulos, Philip Reeve, com 10 comentários a 4 obras, Shusterman, com 16 comentários, ou mais, a 3 obras e Connie Willis, com pelo menos 16 comentários a 2 obras.
Tudo números praticamente impensáveis para os autores lusófonos, claro está. Nem Saramago chega perto.
E agora com licença, que ainda tenho um conjunto de categorias mais reduzidas a tratar. Não faço ideia de quando esse post poderá ficar pronto, mas acabará por ficar. Até lá.
Quem quiser saber mais de que se trata, siga os links ali em cima. Os restantes, podem passar à (longa) lista, e/ou aos comentários que virão a seguir.
?? (org.; ed.)
- Bajo el Signo de Alpha
- Doctor Who: Heroes and Monsters Collection
- Isaac Asimov Magazine, nº 2
- Lightspeed, nº 95
- The End Has Come
- Flatland: A Romance of Many Dimensions
- O Contágio
- À Boleia Pela Galáxia / O Guia do Mochileiro da Galáxia (3x)
- O Restaurante no Fim do Universo
- A Loucura de Deus
- Guerra Americana (4x+)
- The Power / O Poder (23x+)
- Report on Probability A
- The Art of Space Travel (conto)
- A Missão de AZ Gabrielson
- Os Pássaros do Fim do Mundo / Todos os Pássaros no Céu (6x+)
- Ponto de Impacto
- Mundo sem Estrelas
- O Avatar
- O que Acontece Quando um Homem Cai do Céu (4x)
- Originais / Origin (2x+)
- Opostos /Opposition (2x)
- As Cavernas de Aço (2x)
- Eu, Robô (4x+)
- Fundação
- Fundação (trilogia)
- Fundação e Império
- O Fim da Eternidade
- O Sol Desvelado
- Os Próprios Deuses / The Gods Themselves (3x+)
- Os Robôs da Alvorada
- Segunda Fundação (2x)
- Histórias de Robôs, vol. 1
- O Ano do Dilúvio (2x)
- O Conto da Aia / A História de uma Serva (12x+)
- Oryx e Crake / Órix e Crex (4x)
- 4 3 2 1 (3x+)
- Faca de Água
- The Windup Girl
- The Drowned World
- The Voices of Time (conto)
- The Player of Games
- The Martian in the Wood (conto)
- As Crônicas de Medusa
- A Função Cria o Orgasmo (conto)
- Colony One
- O Homem Demolido (2x+)
- Surface Tension (conto)
- Às Portas da Fantasia
- The Comet (conto)
- Sepulcros de Cowboys (2x)
- A Colônia
- A Expansão (3x+)
- Ficciones
- Nova Antologia Pessoal
- O Outro (conto)
- O Livro de Areia
- There Are More Things (conto)
- O Planeta dos Macacos
- Matem o Presidente / Matar o Presidente (2x+)
- Alvorada Lunar
- Os Viajantes (2x+)
- The Darkest Minds / Mentes Poderosas / Mentes Sombrias (6x)
- A Janela cor de Morango (conto)
- A Máquina do Tempo (conto)
- Aqui Haverá Tigres (conto)
- F de Foguete
- Fahrenheit 451 (16x)
- Gelo e Fogo (conto)
- O Dragão (conto)
- O Presente (conto)
- Uma Sombra Passou por Aqui
- Estrela do Perigo
- O Sol Vermelho
- Os Salvadores do Planeta
- Project Mars
- Anjos e Demônios
- Origem (3x+)
- Robô Selvagem
- Fúria Vermelha (2x)
- Golden Son
- Iron Gold
- Morning Star
- Em Mãos Humanas (conto)
- The Fatal Eggs
- A Cidade no Fim do Mundo
- The Destroyer (conto)
- Bloodchild (conto) (3x+)
- Kindred - Laços de Sangue (10x+)
- A Parábola do Semeador (11x)
- Despertar (3x)
- Traumphysik (conto)
- Cyborg
- O Jogo Final
- Eva
- A Menina que Tinha Dons (2x+)
- A Invenção de Morel
- A Coroa (2x+)
- A Elite
- A Escolha
- A Seleção (2x+)
- Felizes Para Sempre (3x)
- Alvo em Movimento (3x+)
- The Cloven
- A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil
- A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada (5x)
- O Sol Caiu
- 2001 - Uma Odisseia no Espaço
- A Idade do Ouro
- A Muralha das Trevas (conto)
- A Sentinela (conto)
- Abandonado (conto)
- Acidente Espacial (conto)
- Antes do Éden (conto)
- Ao Centro do Cometa (conto)
- Areias de Marte
- Encontro ao Amanhecer (conto)
- Fora do Berço, em Órbita para Sempre... (conto)
- Grupo de Salvamento (conto)
- Poeira Lunar (6x)
- Quem Está Aí? (conto)
- Rendezvous with Rama / Encontro com Rama (2x+)
- Respire Fundo (conto)
- Transiência (conto)
- Armada (2x)
- Jogador nº 1 / Ready Player One - Jogador 1 / Ready Player One (5x+)
- Mundo Perdido
- A Quarta Profecia
- A Última Profecia
- Conquista
- Destino
- Travessia
- Servidão Mental
- As Borboletas (conto)
- Dia de Juízo (conto)
- M 81: Ursa Maior (conto)
- O Menhir (conto)
- Caliban's War
- Leviatã Desperta (2x)
- Persepolis Rising
- A Volta ao Dia em 80 Mundos
- A Peste Negra
- Jurassic Park (3x+)
- O Enigma de Andrômeda (3x)
- Demolidor: Homem sem Medo
- Dark Matter
- Vox (14x)
- Arena 13
- Nova
- Zero K
- Do Androids Dream of Electric Sheep? / Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? / Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (4x)
- Fluam Minhas Lágrimas, Disse o Policial
- Espere Agora Pelo Ano Passado (8x)
- O Homem do Castelo Alto (5x)
- O Tempo Desconjuntado (13x)
- Sonhos Elétricos (5x+)
- Ubik
- Um Reflexo na Escuridão
- Valis
- Mortalha da Lamentação
- O Mundo Perdido
- When the Great Days Came (conto)
- Uncanny Valley (conto)
- O Círculo
- Muitas Águas (5x)
- Um Planeta em seu Giro Veloz (5x)
- Um Vento à Porta (7x+)
- Uma Dobra no Tempo (6x+)
- Os Invasores de Corpos
- Runa
- Os Últimos Jedi
- A Cruz de Fogo
- A Cruz de Fogo, parte I
- A Libélula Presa no Âmbar (2x)
- A Viajante
- Nas Asas do Tempo (2x)
- Outlander
- Um Sopro de Neve e Cinzas (3x)
- Deuses Americanos
- EntreMundos
- Neuromancer (2x+)
- The Difference Engine
- Herland - A Terra das Mulheres / Terra das Mulheres (4x+)
- Alien: Rio de Sofrimento
- Cannibal Farm (conto)
- Sombra do Paraíso
- Light
- Plague
- Sangue por Sangue
- The Ghost Line
- Dez Mil Céus Sobre Você
- Legado de Sangue
- Mil Pedaços de Você
- Uma Coisa Absolutamente Incrível / Uma Coisa Absolutamente Fantástica (21x)
- Revivente
- A Mão Esquerda das Trevas / A Mão Esquerda da Escuridão (6x+)
- Aqueles que se Afastam de Omelas (conto)
- Os Despojados
- Como Parar o Tempo
- Os Humanos (7x)
- Fatherland
- The Girl From Everywhere - O Mapa do Tempo (2x+)
- ... E Ele Construiu uma Casa Torta (conto)
- Tropas Estelares
- Um Estranho numa Terra Estranha (6x)
- Um Estranho Numa Terra Estranha, vol I (2x+)
- Duna (3x+)
- Messias de Duna
- The Siege of Sirius
- Mestre das Chamas
- Strange Weather
- A Terra da Noite
- Submissão (2x+)
- A Corte do Ar
- Acadie
- A Ilha
- Admirável Mundo Novo (8x)
- O Macaco e a Essência
- O Lagarto (conto)
- Não me Abandone Jamais / Nunca me Deixes (4x+)
- Memória da Água
- A Quinta Estação (4x+)
- O Portão do Obelisco (3x)
- Illuminae
- Quando as Estrelas Caem (4x)
- Flores Para Algernon (14x)
- A Cúpula
- A Incendiária (16x)
- A Torre Negra (2x+)
- As Terras Devastadas
- Celular (10x)
- Lobos de Calla (2x+)
- Mago e Vidro
- Novembro de 63
- O Bazar dos Sonhos Ruins
- Sob a Redoma
- Belas Adormecidas (3x+)
- Angles of Attack
- Chains of Command
- Fields of Fire
- Lines of Departure
- Points of Impact
- Terms of Enlistment
- Ricochet Joe (conto)
- A Balada do Black Tom (6x)
- Justiça Ancilar / Anciliary Justice (12x+)
- Solaris (6x+)
- Além do Planeta Silencioso
- Uma Força Medonha
- Isso não Pode Acontecer Aqui
- Mortos Entre Vivos
- Steampunk!
- A Floresta Sombria / The Dark Forest (5x+)
- Death's End
- O Problema dos Três Corpos (6x+)
- The Weight of Memories (conto)
- A Noite dos Humanos
- Mil Mortes e Outras Histórias
- Sou o Número Quatro
- O Princípio do Fim
- A Busca Onírica por Kadath
- A Cor que Caiu do Espaço (conto)
- A Sombra de Innsmouth
- A Tumba (conto)
- Contos, vol. 2
- Dagon (conto)
- Lovecraft - Medo Clássico, vol. I (2x+)
- Nas Montanhas da Loucura
- O Chamado de Cthulhu e Outros Contos
- Os Contos Mais Arrepiantes de Howard Philips Lovecraft (3x)
- Os Melhores Contos de Howard Philips Lovecraft, vol. 6
- Sonhos na Casa da Bruxa (conto)
- Uma Reminiscência do Dr. Samuel Johnson (conto)
- A Estrela da Meia-Noite
- Champion
- Prodigy
- Jovens de Elite
- Legend
- Vigilante Noturno / Criaturas da Noite (10x+)
- Warcross (5x+)
- Tudo que Deixamos Para Trás
- Almas Roubadas
- O Advogado do Diabo
- Arquivo X: Histórias Inéditas
- O Corpo Dela e Outras Partes / O Corpo Dela e Outras Farras (8x)
- Earth Hour (conto)
- Estilhaça-me
- A Ilusão do Tempo
- LoveStar / Love Star (7x)
- Caixa de Pássaros / Às Cegas (6x+)
- Estação Onze
- The Finite Canvas (conto)
- Taking Wing
- A Flor de Vidro (conto)
- Nightflyers (conto)
- Nightflyers & Other Stories
- Ases pelo Mundo
- Jogo Sujo
- Wild Cards
- As Crônicas de Marte (2x+)
- Histórias de Aventureiros e Patifes
- Histórias de Vigaristas e Canalhas
- Mulheres Perigosas (2x+)
- Nada Enfurece Mais uma Mulher (3x)
- Caçador em Fuga
- Santuário dos Ventos (4x+)
- Cyberstorm
- A Estrada
- Omega
- O Milésimo Andar (3x)
- O Silêncio das Filhas (2x+)
- Ficção Científica: Os Melhores Contos
- The Martian War
- Cinder (6x)
- Cress (2x)
- Levana
- Scarlet (3x)
- Winter (3x+)
- A Cidade & A Cidade
- Estação Perdido / Perdido Street Station (2x+)
- Um Cântico Para Leibowitz
- Cidade da Meia-Noite
- Os Seis Finalistas (7x)
- Lágrimas na Chuva
- O Meu Amigo de Outro Mundo
- Travelling to Utopia
- Alien: Mar de Angústia
- Utopia
- A Revolta
- Light Years
- O Regresso a Casa
- Altered Carbon / Carbono Alterado (6x+)
- Broken Angels / Anjos Partidos (2x)
- Woken Furies
- O Motivo
- Deuses Renascidos
- Gigantes Adormecidos (2x)
- The Malice
- A Mulher do Viajante no Tempo
- Destiny’s Road
- A Súbita Aparição de Hope Arden
- Time Traders
- O Dom da Lágrima
- Binti (2x)
- Home
- The Night Masquerade
- Who Fears Death / Quem Teme a Morte (6x+)
- O que Restou
- Sobrevive
- Let me Live in a House (conto)
- 1984 (4x)
- Evolução
- O Elmo do Horror
- Contos de Imaginação e Mistério
- Histórias Extraordinárias (3x+)
- Medo Clássico
- Medo Clássico, vol. 2
- Os Melhores Contos de Edgar Allan Poe (2x+)
- A Terra Longa (2x)
- Boneshaker
- Clementine
- Dreadnought
- Ganymede
- Jacaranda
- Tanglefoot (conto)
- The Fiddlehead
- The Inexplicables
- O Prestígio
- Arco-Íris da Gravidade
- The Cure (conto)
- A Darkling Plain
- Infernal Devices
- Máquinas Mortais / Engenhos Mortíferos (7x)
- Predator's Gold
- Nyxia
- Felicidade Para Humanos (4x+)
- A Praga
- Naquele Tempo
- Visão Mortal
- A Sétima Praga
- Encarcerados
- Green Mars
- A Cidade Perdida
- A Coroa do Demónio
- A Sexta Extinção
- Destinos Divididos
- A Missão do Contrabandista
- Amnésia
- A Noite dos Mortos-Vivos (2x)
- Ar
- As Máquinas da Destruição
- O Pequeno Príncipe / O Principezinho (3x+)
- Calamidade (3x)
- Coração de Aço
- Tormenta de Fogo (3x)
- After the Coup (conto)
- As Brigadas Fantasma (2x+)
- Encarcerados (8x+)
- Guerra do Velho / A Guerra é para os Velhos (3x)
- Head On (3x)
- The Collapsing Empire
- The President's Brain is Missing (conto)
- O Código do Apocalipse
- Os Últimos Jedi
- Troopers da Morte
- Dark Space Universe
- The Invention of Hugo Cabret / A Invenção de Hugo Cabret (2x+)
- Dimension of Miracles
- Frankenstein (5x+)
- A Nuvem Púrpura
- A Nuvem (8x)
- Fragmentados
- O Ceifador (7x+)
- More Happy than Not
- O Chanceler de Ferro (conto)
- O Homem Invisível (conto)
- Regresso à Vida
- O Projeto Rosie
- Abandonados em Andrômeda (conto)
- Last and First Men
- An Incident at the Luncheon of the Boating Party (conto)
- O Médico e o Monstro (3x+)
- Piquenique na Estrada (5x+)
- As Artes de Xanadu
- As Viagens de Gulliver / Viagens de Gulliver (4x+)
- Guerra: E se Fosse Aqui? (conto)
- Amatka
- Space Opera
- Os Oleiros de Firsk (conto)
- Steampunk
- Aceitação (2x+)
- Aniquilação (3x+)
- Autoridade
- Borne
- The Strange Bird (conto)
- The World is Full of Monsters (conto)
- A Ilha Misteriosa
- Around the World in Eighty Days / A Volta ao Mundo em 80 Dias (3x+)
- Cinco Semanas num Balão
- Viagem ao Centro da Terra (3x)
- Vinte Mil Léguas Submarinas / 20 Mil Léguas Submarinas (4x+)
- A Fire Upon the Deep
- As Sereias de Titã
- Cama de Gato (5x+)
- Matadouro 5
- Chronos: Viajantes do Rempo (2x+)
- Limites do Tempo (2x)
- A Piada Infinita
- Até o Fim do Mundo (2x+)
- Maelstrom
- Artemis (8x+)
- Perdido em Marte
- A Guerra dos Mundos (2x+)
- A Ilha do Doutor Moreau / A Ilha do Dr. Moreau (5x)
- A Máquina do Tempo (11x)
- Ficção Curta Completa, vol. I
- O Cogumelo Vermelho
- All Systems Red
- Artificial Condition
- O Fio da Navalha
- Rogue Protocol
- Fim do Império
- Marcas da Guerra (2x)
- Pivot Point
- Split Second
- Beemote: A Revolução / Behemoth (2x)
- Goliath
- Leviathan
- Sector General (conto)
- A Sombria Queda de Elizabeth Frankenstein
- A Estrada Subterrânea / Os Caminhos Para a Liberdade (4x+)
- False Lights
- Where Late the Sweet Birds Sang
- Interferências (13x+)
- O Livro do Juízo Final (3x+)
- Robopocalipse (2x+)
- O Assassino do Zodíaco
- Quando a Luz se Apaga (3x)
- O Templo do Passado
- Pré-História do Futuro
- Regresso a Zero
- Circuito de Compaixão (conto)
- Flor Silvestre (conto)
- Meteoro (conto)
- Tempo de Descansar (conto)
- A 5ª Onda
- A Última Estrela
- O Mar Infinito
- Thrawn (2x+)
- Thrawn: Alliances
- Nós (3x+)
- Nine Princes in Amber
- O Beco dos Malditos
- Sign of the Unicorn
- The Courts of Chaos
- The Guns of Avalon
- The Hand of Oberon
- As Horas Vermelhas
Comparando com as listas equivalentes de obras lusófonas, há várias coisas que saltam à vista. Para começar, há aqui uma proporção muito maior de autores presentes com mais que uma obra, o que, mesmo contando com as inevitáveis distorções causadas por campanhas de marketing (que em si mesmas também são significativas) reflete não só a existência de produção regular (o que entre os lusófonos, e especialmente entre os portugueses, não é muito frequente) mas também o facto de numerosos autores terem um público razoavelmente fiel que lhes abre as portas da publicação regular. Também encontramos aqui algo que não se encontra entre os lusófonos: obras de grande sucesso, abundantemente lidas e comentadas, por vezes associadas a filmes e séries de TV.
E não há aqui absolutamente nenhuma novidade, não é? Já todos sabíamos que era assim que as coisas funcionavam.
Destaques, portanto, há-os de dois tipos. Aqueles autores que são alvo de comentários numerosos a obras igualmente nomerosas, casos de Asimov, com pelo menos 17 comentários distribuídos por 10 títulos, Bradbury, com 24 comentários distribuídos por 9 obras, Clarke, com 23 ou mais comentários distribuídos por 17 obras, Dick, com pelo menos 39 comentários distribuídos por 9 títulos, King, com 36 comentários ou mais a 10 obras, Lovecraft, com 16 comentários, ou mais, espalhados por 13 títulos, Marie Lu, com pelo menos 20 comentários a 7 obras, Marissa Meyer, com 15 comentários ou mais a 5 obras, Scalzi, com pelo menos 19 comentários distribuídos por 7 obras, Verne, com 12 comentários, ou mais, dispersos por 5 obras e Wells, com pelo menos 20 comentários dispersos por 5 títulos. E os autores de uma obra só, embora muito popular, como Naomi Alderman (23 comentários, ou mais), Christina Dalcher (14 comentários), Hank Green (21 comentários), Daniel Keyes (14) ou Ann Leckie (12, ou mais). E também há casos intermédios, como o de Atwood, com 20 ou mais comentários a apenas 3 obras, Octavia Butler, com pelo menos 27 comentários a 4 obras, Madeleine l'Engle, com 23 comentários ou mais a 4 obras, Heinlein, com pelo menos 10 comentários a 4 obras, Huxley, com 10 comentários a 3 títulos, Cixin Liu, com 13 comentários ou mais distribuídos por 4 títulos, Philip Reeve, com 10 comentários a 4 obras, Shusterman, com 16 comentários, ou mais, a 3 obras e Connie Willis, com pelo menos 16 comentários a 2 obras.
Tudo números praticamente impensáveis para os autores lusófonos, claro está. Nem Saramago chega perto.
E agora com licença, que ainda tenho um conjunto de categorias mais reduzidas a tratar. Não faço ideia de quando esse post poderá ficar pronto, mas acabará por ficar. Até lá.
quinta-feira, 14 de março de 2019
Em fevereiro falou-se de...
Mais um mês, este mais curto que os outros, e mais opiniões na web aberta de língua portuguesa sobre obras de ficção científica e arredores. E como eu tinha previsto o número de comentários a obras de autores portugueses voltou a descer abaixo dos 10, mas sobre isso falarei mais depois das listas, como é habitual.
Para já, e também como é habitual, os links para: 1) os lugares onde podem encontrar mais informação sobre o que diabo vem a ser isto, que objetivo tem, de que limitações sofre, por aí fora. Aqui. E 2) onde podem encontrar os outros posts desta série, tanto os já publicados como os que ainda serão publicados no futuro, caso venham cá ter daqui a pelo menos um mês. Aqui.
E vamos às listas? Vamos às listas.
Ficção portuguesa:
Também entre os brasileiros houve uma descida, o que mais uma vez é natural dado que o número de títulos de janeiro tinha sido o mais elevado de sempre. E além disso, mantêm-se acima dos 20 títulos (e teriam precisamente 20 sem a minha participação), a que há a acrescentar mais um que mistura ficção brasileira e traduzida, pelo que não tenho nada de mau a dizer sobre eles. Assim mesmo é que se faz. Não há é ninguém que realmente se destaque: a antologia Confinados recebeu 3 opiniões e houve uma série de outras obras e autores com duas opiniões cada. Seis ao todo, do nº 1 da revista A Taverna a Giovanna Vaccaro, passando por Marco Barnieri e Will Nascimento, André Carneiro, M. Pattal e Braulio Tavares.
Curiosamente, o material traduzido foi particularmente abundante, tendo-se pela primeira vez ultrapassado os 100 títulos. Para isso contribuíram muitas opiniões a contos, o aparecimento nas pesquisas regulares que faço no Google de um par de sites que não têm RSS (o que levou à divulgação de material atrasado, o que não aconteceria se tivessem, pois ele seria detetado aquando da publicação e não um mês ou mais depois) e uma mudança na forma como eu encaro no Ficção Científica Literária alguns posts que falam mais desenvolvidamente sobre múltiplos títulos, anteriormente englobados nos artigos de opinião mas incluídos de há algum tempo a esta parte nas resenhas. Destacam-se Asimov, com 16 opiniões dispersas por 11 títulos, Dalcher, com 14 opiniões sobre o seu romance recente, Heinlein, com 8 opiniões sobre 6 títulos, Atwood, com 5 opiniões sobre 3 títulos e Lovrcraft, também com 5 opiniões sobre outras tantas obras.
Em suma: o mês não foi nada mau, antes pelo contrário, mesmo tendo as opiniões a material português regressado a níveis insatisfatórios. Daqui a (menos de) um mês veremos como foi março. Até lá.
Para já, e também como é habitual, os links para: 1) os lugares onde podem encontrar mais informação sobre o que diabo vem a ser isto, que objetivo tem, de que limitações sofre, por aí fora. Aqui. E 2) onde podem encontrar os outros posts desta série, tanto os já publicados como os que ainda serão publicados no futuro, caso venham cá ter daqui a pelo menos um mês. Aqui.
E vamos às listas? Vamos às listas.
Ficção portuguesa:
- Ecologia, de Joana Bértholo
- Os Jardins Suspensos da Babilónia, de Leonor Ferrão (conto)
- Deuses Como Nós, de Vítor Frazão (conto)
- O Artefacto, de Pedro Pereira (conto)
- A Filha da Peste, de Carina Portugal (conto)
- Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago
- Ensaio Sobre a Lucidez, de José Saramago (4x)
- Anjos, de Carlos Silva
- A Taverna, nº 1, ed. ??? (2x)
- Confinados, org. ??? (3x)
- Autômato, de Marco Barnieri e Will Nascimento (2x)
- No Cosmo, Assim Como no Coração, de Brenda Bresnau
- A Guia, de Évany Cristina Campos
- Amorquia, de André Carneiro
- Piscina Livre, de André Carneiro
- Back in the USSR, de Fábio Fernandes
- A Lua Negra de Patânia, de José M. S. Freire
- Elemento Alpha, de Priscilla Gonçalves
- Quãm e os Indícios Mortais, de Tadeu Loppara
- Vende-se Este Futuro, de Bruno Miquelino
- Zigurate, de Max Mallmann
- Às Moscas, Armas!, de Nelson de Oliveira
- A Era dos Mortos, parte 2, de Rodrigo de Oliveira
- A Revelação, de M. Pattal (2x)
- Aquecimento Global (Em Fogo Alto), de Rodrigo Rahmati (conto)
- O Vampiro de Nova Holanda, de Gerson Lodi-Ribeiro (conto)
- Fanfic, de Braulio Tavares
- Histórias Para Lembrar Dormindo, de Braulio Tavares
- E Se..., de Giovanna Vaccaro (2x)
- Assembléia Estelar, org. Marcello Simão Branco
- O Restaurante no Fim do Universo, de Douglas Adams
- Brilliant Devices, de Shelley Adina
- Her Own Devices, de Shelley Adina
- Lady of Devices, de Shelley Adina
- Magnificent Devices, de Shelley Adina
- O Poder, de Naomi Alderman
- O que Acontece Quando um Homem Cai do Céu, de Lesley Nneka Arimah
- Opala, de Jennifer L. Armentrout
- As Cavernas de Aço, de Isaac Asimov (2x)
- Eu, Robô, de Isaac Asimov
- Fundação, de Isaac Asimov (4x)
- Half Breed, de Isaac Asimov (conto)
- Liar, de Isaac Asimov (conto)
- Marooned Off Vesta, de Isaac Asimov (conto)
- O Fim da Eternidade, de Isaac Asimov (2x)
- Ring Around the Sun, de Isaac Asimov (conto)
- The Magnificent Possession, de Isaac Asimov (conto)
- The Weapon, Too Dreadful to Use, de Isaac Asimov (conto)
- Trends, de Isaac Asimov (conto)
- O Ano do Dilúvio, de Margaret Atwood
- O Conto da Aia, de Margaret Atwood (3x)
- Orys e Crake, de Margaret Atwood
- Faca de Água, de Paolo Bacigalupi
- Farenheit 451, de Ray Bradbury (2x)
- Despertar, de Octavia E. Butler
- Kindred: Laços de Sangue, de Octavia E. Butler (3x)
- Hiperpilosity, de L. Sprague de Camp
- Uma Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil, de Becky Chambers (2x)
- The Lives of Tao, de Wesley Chu
- A Derradeira Manhã, de Arthur C. Clarke (conto)
- As Canções da Terra Distante, de Arthur C. Clarke
- A Armadilha do Paraíso, de A. C. Crispin
- Vox, de Christina Dalcher (14x)
- A Terceira Potência, de Clark Darlton
- Babel-17, de Samuel R. Delany
- Espere Agora Pelo Ano Passado, de Philip K. Dick
- O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick
- Fênix - A Ilha, de John Dixon
- O Mundo Perdido, de Artur Conan Doyle (2x)
- The 2055 Hugo Awards, de Harlan Ellison, Doug Mayo-Wells, Meghan Davis, Joshua Gunter, Michael Canfield, Thornton Kimes (microficções)
- Os Herreachs, de Robert Feldhoff
- Tempo Acelerado, de Robert Feldhoff
- Fantasy & Science Fiction, nº 645, ed. Gordon van Gelder
- Um Milhão de Mundos com Você, de Claudia Gray
- Uma Coisa Absolutamente Fantástica, de Hank Green
- Deathworld, de Harry Harrison
- If This Goes On, de Robert A. Heinlein (conto)
- Life-Line, de Robert A. Heinlein (conto)
- Misfits, de Robert A. Heinlein (conto)
- Requiem, de Robert A. Heinlein (conto)
- Successful Operation, de Robert A. Heinlein (conto)
- Um Estranho Numa Terra Estranha, de Robert A. Heinlein (3x)
- Messias de Duna, de Frank Herbert (2x)
- The Dangerous Dimension, de L. Ron Hubbard (conto)
- We Are the Ants, de Shaun David Hutchinson
- Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley (2x)
- Não me Abandone Jamais, de Kazuo Ishiguro
- Contos Clássicos de Terror, org. Julio Jeha
- The Edge of Human, de K. W. Jeter
- Flowers for Algernon, de Daniel Keyes
- As Terras Devastadas, de Stephen King
- Celular, de Stephen King
- O Concorrente, de Stephen King
- A Balada do Black Tom, de Victor LaValle
- Solaris, de Stanislaw Lem
- The Three-Body Problem, de Cixin Liu
- Azathoth, de H. P. Lovecraft (conto)
- Beyond the Wall of Sleep, de H. P. Lovecraft (conto)
- Celephaïs, de H. P. Lovecraft (conto)
- Medo Clássico, de H. P. Lovecraft
- Os Contos Mais Arrepiantes de Howard Philips Lovecraft, de H. P. Lovecraft
- Tudo o que Deixamos Para Trás, de Maja Lunde
- O Corpo Dela e Outras Farras, de Carmen Maria Machado
- Às Cegas / Caixa de Pássaros, de Josh Malerman (4x)
- A Estrada, de Cormac McCarthy
- Cinder, de Marissa Meyer
- Cress, de Marissa Meyer
- Scarlet, de Marissa Meyer
- The City & The City, de China Miéville
- Um Conto de Natal, de China Miéville (conto)
- Utopia, de Thomas More
- Light Years, de Kass Morgan
- Carbono Alterado, de Richard Morgan
- 1Q84, de Haruki Murakami
- Autonomous, de Annalee Newitz
- Sobrevive, de Alexandra Oliva
- Zoo, de James Patterson e Michael Ledwidge
- Sombras do Império, de Steve Perry
- A Terra Longa, de Terry Pratchett e Stephen Baxter
- Engenhos Mortíferos / Máquinas Mortais, de Philip Reeve (3x)
- Felicidade Para Humanos, de P. Z. Reizin
- Wake me After the Apocalypse, de Jordan Rivet
- Sobrevivência Mortal, de J. D. Robb
- Traição Mortal, de J. D. Robb
- Calamidade, de Brandon Sanderson
- Coração de Aço, de Brandon Sanderson
- Guerracivilância em Mau Declínio, de George Saunders
- Flashforward, de Robert J. Sawyer
- Frankenstein, ou o Prometeu Moderno, de Mary Shelley
- Scythe / O Ceifador, de Neal Shusterman (2x)
- Nascer do Sol em Mercúrio, de Robert Silverberg (conto)
- Arkwright, de Allen M. Steele
- Certamente, Talvez, de Irmãos Strugatsky
- Renda Limitada, de Walter Tevis (conto)
- A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Jules Verne
- Black Destroyer, de A. E. Van Vogt (conto)
- Nova Era, de Chris Weitz
- A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells
- A Ilha do Doutor Moreau, de H. G. Wells
- A Máquina do Tempo, de H. G. Wells
- A Sombria Queda de Elizabeth Frankenstein, de Kiersten White
- Thrawn, de Timothy Zahn
- Nós, de Evgueni Zamiatine
- Trumps of Doom, de Roger Zelazny
- As Horas Vermelhas, de Leni Zumas
- Inteligência Artificial, de Arlindo Oliveira
- 21 Lições para o Século 21, de Yuval Noah Harari
Também entre os brasileiros houve uma descida, o que mais uma vez é natural dado que o número de títulos de janeiro tinha sido o mais elevado de sempre. E além disso, mantêm-se acima dos 20 títulos (e teriam precisamente 20 sem a minha participação), a que há a acrescentar mais um que mistura ficção brasileira e traduzida, pelo que não tenho nada de mau a dizer sobre eles. Assim mesmo é que se faz. Não há é ninguém que realmente se destaque: a antologia Confinados recebeu 3 opiniões e houve uma série de outras obras e autores com duas opiniões cada. Seis ao todo, do nº 1 da revista A Taverna a Giovanna Vaccaro, passando por Marco Barnieri e Will Nascimento, André Carneiro, M. Pattal e Braulio Tavares.
Curiosamente, o material traduzido foi particularmente abundante, tendo-se pela primeira vez ultrapassado os 100 títulos. Para isso contribuíram muitas opiniões a contos, o aparecimento nas pesquisas regulares que faço no Google de um par de sites que não têm RSS (o que levou à divulgação de material atrasado, o que não aconteceria se tivessem, pois ele seria detetado aquando da publicação e não um mês ou mais depois) e uma mudança na forma como eu encaro no Ficção Científica Literária alguns posts que falam mais desenvolvidamente sobre múltiplos títulos, anteriormente englobados nos artigos de opinião mas incluídos de há algum tempo a esta parte nas resenhas. Destacam-se Asimov, com 16 opiniões dispersas por 11 títulos, Dalcher, com 14 opiniões sobre o seu romance recente, Heinlein, com 8 opiniões sobre 6 títulos, Atwood, com 5 opiniões sobre 3 títulos e Lovrcraft, também com 5 opiniões sobre outras tantas obras.
Em suma: o mês não foi nada mau, antes pelo contrário, mesmo tendo as opiniões a material português regressado a níveis insatisfatórios. Daqui a (menos de) um mês veremos como foi março. Até lá.
quarta-feira, 13 de março de 2019
Lido: O Velho Sultão
Tem desculpa quem passar os olhos por este título e imaginar de imediato um conto saído diretamente das Mil e Uma Noites, cheio de exotismo islâmico e djinns. Mas engana-se redondamente. O Velho Sultão é sobre um cão. O cão Sultão.
Trata-se de uma fábula sobre favores e gratidão ou falta dela. O Sultão é tão velho que o dono quer abatê-lo até que um lobo concebe um plano para lhe salvar a vida, mostrando-o útil ao dono. Resulta, mas o lobo contava que o favor lhe fosse retribuído, e não é, o que leva o lobo a vingar-se. E aqui tenho de fazer um pequeno intervalo para dizer que os Irmãos Grimm meteram a pata na poça.
Como já devem saber, era seu costume criarem contos novos a partir de dois ou mais contos tradicionais, que na sua opinião se completavam. E foi o que fizeram aqui: a primeira parte deste conto provém de uma história, a segunda de outra. O que acontece é que se por vezes pouco se dá pela marosca, aqui dá-se e dá-se bem.
É que na primeira parte temos uma história sobre a ingratidão. O lobo ajuda o cão e, quando vai em busca da reciprocidade, o cão nega-lha, preferindo manter-se fiel ao dono que o queria matar. E isso dá uma história boa, com um dilema moral inteligente, que os Grimm destroem acrescentando-lhe a segunda parte, que consiste basicamente de uma daquelas histórias inspiradoras em que os bons vencem os maus mesmo quando parecem estar em grande inferioridade. E quem são os maus? O lobo, claro, que esta segunda história é muito menos sofisticada que a primeira. O resultado desta costura pouco inspirada é um conto inconsistente.
Contos anteriores deste livro:
Trata-se de uma fábula sobre favores e gratidão ou falta dela. O Sultão é tão velho que o dono quer abatê-lo até que um lobo concebe um plano para lhe salvar a vida, mostrando-o útil ao dono. Resulta, mas o lobo contava que o favor lhe fosse retribuído, e não é, o que leva o lobo a vingar-se. E aqui tenho de fazer um pequeno intervalo para dizer que os Irmãos Grimm meteram a pata na poça.
Como já devem saber, era seu costume criarem contos novos a partir de dois ou mais contos tradicionais, que na sua opinião se completavam. E foi o que fizeram aqui: a primeira parte deste conto provém de uma história, a segunda de outra. O que acontece é que se por vezes pouco se dá pela marosca, aqui dá-se e dá-se bem.
É que na primeira parte temos uma história sobre a ingratidão. O lobo ajuda o cão e, quando vai em busca da reciprocidade, o cão nega-lha, preferindo manter-se fiel ao dono que o queria matar. E isso dá uma história boa, com um dilema moral inteligente, que os Grimm destroem acrescentando-lhe a segunda parte, que consiste basicamente de uma daquelas histórias inspiradoras em que os bons vencem os maus mesmo quando parecem estar em grande inferioridade. E quem são os maus? O lobo, claro, que esta segunda história é muito menos sofisticada que a primeira. O resultado desta costura pouco inspirada é um conto inconsistente.
Contos anteriores deste livro:
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